Para o padre Alfredo Sampaio, SJ, a solidariedade, a obediência a Deus e o amor ao próximo se traduzem na vivência da humildade. Sacerdote há 25 anos, ele decidiu comemorar esse jubileu com o lançamento do livro Solidários, Obedientes e Amorosos, As Novas Faces da Humildade para o Mundo de Hoje. A noite de autógrafos será no dia 28 de junho, terça-feira, às 19h30m, no Colégio Santo Inácio, em Botafogo. Nesta entrevista, padre Alfredinho, como é conhecido pelos participantes dos retiros que orienta no Centro Loyola, fala sobre o livro e a relação entre a humildade e a espiritualidade inaciana.
O que motivou o senhor a escrever um livro sobre a humildade? Esse é um valor que está se perdendo no mundo atual?
Pe. Alfredo Sampaio, SJ: Foram várias as razões que me levaram a escrever sobre a humildade. As pessoas que me conhecem sempre diziam que eu era uma pessoa humilde, eu não entendia se estavam me elogiando ou me criticando talvez por ser muito passivo e ter pouca iniciativa. Aprendi de minha mãe que ser humilde era um valor a ser buscado e conservado a qualquer custo. Sempre tive atração por estar próximo a pessoas mais humildes, e nelas descobria a alegria que eu tanto perseguia. Ao me formar padre e ser doutor em Espiritualidade, ao ser enviado a Roma, na minha despedida, uma senhora idosa muito simples me chamou no canto e me disse: ‘Alfredinho, vá, mas não mude nunca: não perca a sua humildade!’ Emocionei-me com estas palavras e procuro até hoje coloca-las em prática. Certamente hoje a humildade não aparece na maioria dos manuais de teologia espiritual e no mundo acadêmico aguerrido não é um valor para nada. Por fim, outra razão que me levou a escrever sobre a humildade foi o meu trabalho junto aos moradores de rua dependentes químicos no Rio de Janeiro, onde aprendi o quanto não era humilde e precisava me colocar a serviço daqueles mais necessitados.
De que maneira o tema da humildade se relaciona com a espiritualidade inaciana?
Pe. Alfredo: O tema da humildade é central nos Exercícios e aparece no momento decisivo da Eleição da Vontade de Deus, no exercício denominado os Três Graus de Humildade, que para Inácio é sinônimo de Amor, de Amizade. Quem não está no segundo grau de humildade ao menos não pode sequer continuar o retiro inaciano. Daí se entrevê o valor que Inácio dava a essa virtude.
E como o livro pode contribuir para que o leitor reflita sobre o espaço que tem dedicado à humildade e à caridade em sua própria vida?
Pe. Alfredo: O livro é escrito em forma dialogal, colocando questões vivenciais a serem meditadas e respondidas à medida que se avança na leitura. Pois a escola da humildade é assim: simples, insistente, perseverante, encarnada na vida, desinstaladora. As perguntas ajudam a não ler o livro de forma teórica, descompromissada, coisa impossível aliás na autêntica espiritualidade inaciana, onde o amor se traduz em serviço.
O Papa Francisco declarou este como o Ano da Misericórdia e, em diversas ocasiões, as atitudes dele demonstram a preocupação de ser exemplo e agir conforme as palavras que prega. O senhor acha que nós cristãos podemos ser sinais da misericórdia de Deus para os outros?
Pe. Alfredo: O Papa Francisco foi outro exemplo que tomei para escrever o meu livro. Ele irradia humildade em tudo o que faz, diz ou toca. A Misericórdia é outro nome da Humildade, pois ela é irmã da Compaixão e da Solidariedade.
Reportagem: Alessandra Cruz
Foto: Camille Valbusa / Comunicar PUC-Rio
Preciso saber como encontrar o padre Alfredino?
Olá, Nilda. Padre Alfredo atualmente leciona no Departamento de Teologia da Universidade Católica de Pernambuco. Acredito que você consiga contato com ele ligando para lá. ‘Em tudo amar e servir’, Alessandra.